Você já sentiu que está perdendo alguma coisa enquanto vê as redes sociais bombando de stories, rolês e conquistas alheias? Se sim, bem-vindo ao time dos que já viveram o FOMO — aquele sentimento de estar ficando de fora de algo importante ou incrível que todo mundo parece estar vivendo, menos você.
E não, não é só uma “insegurança passageira”. Para muitos universitários, essa sensação tem virado parte do dia a dia. Da comparação constante à ansiedade por “aproveitar tudo”, o FOMO vem se infiltrando no modo como lidamos com tempo, amigos, estudos e até com a própria autoestima.
Afinal, o que é FOMO?
A sigla vem do inglês Fear of Missing Out, ou seja, o “medo de estar perdendo algo”. Pode ser um evento, uma trend, uma oportunidade de networking, uma chance de brilhar na faculdade ou até mesmo uma conversa no grupo da turma que você não viu na hora.
Mas o FOMO vai além de uma simples curiosidade: ele mexe com a cabeça. É aquele desconforto emocional que aparece quando a gente sente que deveria estar fazendo algo melhor, mais legal ou mais produtivo do que o que está fazendo agora. E isso pode acabar afetando emoções, planos e ações diárias.
Uma geração sempre conectada (e esgotada)
Hoje, os jovens têm acesso constante a tudo: notícias, memes, lives, reels e, claro, a vida dos outros em tempo real. Parece ótimo, mas tem um efeito colateral: a sensação de estar sempre atrasado. No meio do TCC, vem a notificação do rolê que já começou. No meio do rolê, vem a culpa por não estar estudando.
Esse looping entre “deveria estar lá” e “deveria estar aqui” vira um ciclo de insatisfação. A comparação constante com os colegas, influenciadores e até com aquele primo que já passou no mestrado também alimenta esse FOMO silencioso que consome energia mental e emocional.
FOMO nas universidades: mais do que um meme
Na faculdade, o FOMO pode ganhar contornos ainda mais intensos. Basta pensar na quantidade de oportunidades que surgem o tempo todo: eventos, ligas acadêmicas, iniciação científica, estágios, viagens, intercâmbios… E, claro, festas. Muitas festas.
A pressão para fazer parte de tudo, o medo de estar ficando para trás e a comparação com os colegas que parecem dar conta de tudo contribuem para uma sensação generalizada de insuficiência. E o resultado? Burnout, ansiedade e até o famoso “modo zumbi” em semana de provas. Terrível, de fato.
Redes sociais: uma vitrine que alimenta o medo
A gente sabe: nas redes sociais, todo mundo parece estar no auge. Aquela colega do curso de humanas que agora está em Harvard, o amigo que já abriu startup, os colegas da sala em um after que você nem ficou sabendo… É fácil cair na armadilha de achar que todo mundo está vivendo melhor que você.
A verdade é que, muitas vezes, vemos só o recorte bonito. Mas o cérebro não sabe disso — e sente como se estivesse realmente ficando para trás. É aí que o FOMO entra com tudo, criando um ciclo difícil de quebrar.
👉 Quer saber como lidar com isso e não se perder na rolagem infinita? Dá uma olhada nesse papo aqui: Redes sociais e produtividade: como não cair no limbo do feed
Como reconhecer e lidar com o FOMO?
Nem sempre dá pra evitar o FOMO, mas dá pra encarar de frente. Portanto, aqui vão alguns sinais de que ele pode estar te rondando:
Ansiedade ao ver stories ou posts de eventos que você não participou;
Dificuldade de se concentrar no presente por pensar no que “poderia estar fazendo”;
Vontade constante de verificar as redes sociais para “não perder nada”;
Sensação de que nunca está aproveitando o suficiente;
Comparações frequentes com o sucesso ou a vida dos outros.
Se identificou? Calma, tem jeito. Um bom começo é praticar o JOMO — Joy of Missing Out. É isso mesmo: aprender a curtir o que você está fazendo agora, sem culpa por não estar em outro lugar. Nem sempre é fácil, mas é libertador.

Dicas práticas para desacelerar o FOMO
Desconecte um pouco
Você não precisa desaparecer do mundo digital, mas dar pausas conscientes pode fazer um bem danado. Tente criar momentos sagrados na sua rotina: uma hora por dia sem notificações, um almoço sem o celular do lado, uma noite por semana sem redes sociais.
Estar offline não é sinal de atraso — é sinal de presença. Quando a gente se desliga da enxurrada de informações, reconecta com o que importa de verdade: o aqui e agora. E spoiler: ninguém vai esquecer de você por isso, pode ficar tranquilo.
Reduza comparações
Sabe aquele feed perfeito, com viagens incríveis, sorrisos em excesso e uma vida que parece tirada de um comercial de margarina? Nem sempre é o que parece. O FOMO adora se alimentar dessas comparações injustas, mas é importante lembrar que cada pessoa mostra o que quer — e, muitas vezes, esconde o que sente. Sua trajetória tem outro ritmo, outro contexto, outro propósito. E tudo bem. A comparação constante só drena energia. Em vez disso, que tal se inspirar sem se cobrar?
Valorize o agora
Pode parecer clichê, mas viver o momento presente é uma das melhores formas de mandar o FOMO passear. Aquele café com um amigo que entende seus dilemas, uma conversa sincera no fim do expediente, o seminário que te fez pensar além do óbvio ou até aquele tempo sozinho escutando sua playlist favorita… Tudo isso é vida acontecendo.
E não precisa ter filtro, legenda ou aplausos pra ser especial. Quanto mais a gente se conecta com o que está vivendo de verdade, menos sente que está perdendo algo lá fora.
Tenha metas suas, não do Instagram
Você não precisa fazer tudo, só o que faz sentido pra você.
Converse com quem sente o mesmo
Você não precisa se tornar um case de sucesso da noite pro dia ou dar conta de mil projetos ao mesmo tempo só porque viu alguém fazendo isso. Ter objetivos é ótimo, mas eles precisam fazer sentido pra você — e não pra uma versão idealizada que criaram nas redes.
Se o seu foco agora é terminar o semestre com saúde mental, isso já é uma meta válida. Porém, se quer aprender algo novo, se reconectar com um hobby ou simplesmente descansar, tudo isso também conta. O que, de fato, importa é a sua jornada, e não os likes que ela gera.
E mais: dá pra descobrir que o outro também tem suas inseguranças, dúvidas e medos — mesmo que não poste sobre isso. Ou seja, criar espaços de troca e acolhimento, seja no grupo da faculdade ou numa conversa aleatória no intervalo, ajuda a construir uma rede de apoio contra o FOMO. E rede de verdade, não só a social.
FOMO existe, mas não precisa te controlar
Sobretudo, o FOMO não precisa mandar no seu dia a dia. Isto é, a universidade já é um lugar intenso por si só — com altos e baixos, dúvidas e descobertas. Não dá pra estar em todos os lugares ao mesmo tempo (e tudo bem!). Inclusive, aprender a dizer “não” sem culpa também faz parte da maturidade que a vida universitária traz.
Então, respira. Curte o momento. E lembra: às vezes, o que parece imperdível lá fora não é mais importante do que o que você já está vivendo aqui dentro.